Artigo de opinião | Internacionalização via E-commerce

23 Set 2022
Artigo de Opinião Rui Marques

e-commerce está em rápido crescimento a nível mundial, tendo sido, segundo a Euromonitor International, responsável por 75% do crescimento do volume de negócios do retalho na última década. Em 2021 este canal de vendas superou os 3,92 biliões de euros de faturação, representando quase 19% das vendas do comércio a retalho a nível global. Até 2030, espera-se que a faturação do comercio eletrónico venha a duplicar, passando a representar mais de um terço das vendas globais do retalho. É por isso uma oportunidade que qualquer empresa portuguesa deve aproveitar para começar a exportar ou para fortalecer ou diversificar a sua presença nos mercados internacionais.

Precisamente para apoiar as empresas que pretendem iniciar ou reforçar a sua presença internacional através dos canais de comércio eletrónico foi criado o incentivo “Internacionalização via E-Commerce” – uma medida do Plano de Recuperação e Resiliência que visa dinamizar as exportações online de produtos e serviços portugueses.

Através deste incentivo ao e-commerce, as PME obtêm apoio para os seus projetos individuais de presença direta nos canais online, designadamente a criação de lojas próprias e/ou adesão a marketplaces, bem como o desenvolvimento de campanhas de promoção online.

Com uma dotação total de 23 milhões de euros, esta medida vai apoiar 1.500 empresas portuguesas entre 2022 e 2025.

O incentivo Internacionalização via E-Commerce apoia as micro e PME portuguesas, de qualquer natureza ou sob qualquer forma jurídica, em duas tipologias:

Novas Exportadoras:  despesas elegíveis entre 10.000 € e 25.000 €

Mais Mercados: despesas elegíveis entre 25.000 € e 85.000 €

O apoio a conceder reveste a forma de incentivo não reembolsável e é calculado a uma taxa de 50% sobre as despesas elegíveis apuradas.

Candidatando-se ao incentivo Internacionalização via E-Commerce, as empresas podem beneficiar de apoios a:

  • Aquisição de equipamentos e software diretamente relacionados com a implementação do projeto de e-commerce
  • Aquisição de serviços de terceiros relacionados com Estratégia de Canais Digitais, Plataformas de Gestão de Conteúdos, Campanhas, Clientes e E-Commerce, Criação de Lojas próprias Online, Marketplaces, Publicidade Online, Analytics, entre outras
  • Custos com recursos humanos especializados diretamente afetos à implementação do projeto

Previamente à submissão da candidatura, as empresas devem realizar o seu Diagnóstico de E-Commerce no website Portugal Exporta. O resultado da avaliação define a tipologia da candidatura a submeter: Novas Exportadoras ou Mais Mercados.

As recomendações disponibilizadas neste Diagnóstico têm ainda como objetivo fornecer orientações para a elaboração de um Plano detalhado de E-Commerce Internacional que sustente a apresentação da candidatura.

As empresas candidatas podem optar pela apresentação autónoma do seu plano, ou solicitar o apoio da AICEP para desenvolvimento de um plano personalizado (através do registo na MY AICEP e início de um Plano de Ação para Exportar através do E-Commerce).

As candidaturas são realizadas através de formulário eletrónico disponível no Balcão dos Fundos, mantendo-se as candidaturas abertas até que se esgote a dotação orçamental definida no Aviso de candidatura.

Tendo em consideração a dimensão reduzida da dotação orçamental deste primeiro aviso – 4,5 milhões de euros, sem prejuízo de poder vir a ser reforçada em função das candidaturas que vierem a ser selecionadas -, parece óbvio que as empresas interessadas devem preparar com muito brevidade a sua candidatura, sob pena de “baterem com o nariz na porta”.

Entretanto, esperemos que, com esta e com outras medidas de estímulo à internacionalização das empresas portuguesas, finalmente consigamos alargar a base de empresas exportadoras, já que na última década o número de exportadores aumentou pouco mais de 6 mil empresas, ou seja, o equivalente a cerca de 1% do universo das sociedades existentes em Portugal. Muito pouco para aquilo que era desejável e um sinal evidente que os programas de apoio existentes têm sido dirigidos sempre para os mesmos beneficiários.

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