Opinião | Braga: um 2024 de crescimento (e de alguns recordes) e um promissor 2025
17 Jan 2025

O ano foi marcado por um cenário económico internacional volátil e de grande incerteza, com pressões inflacionistas e tensões geopolíticas, mas, ainda assim, com Portugal a registar um crescimento económico moderado. Apesar deste contexto, Braga conseguiu afirmar-se como um polo económico dinâmico, alcançando níveis de crescimento nos setores do comércio e turismo e exportações bem acima da média nacional, graças à diversificação da sua economia e ao espírito empreendedor da sua comunidade empresarial.
De acordo com as projeções da AEB, em 2024, o comércio de Braga deverá registar um crescimento de cerca de 6%, ultrapassando os 1,6 mil milhões de euros só em compras realizadas em TPA. Um valor histórico, que foi alcançado num contexto pouco favorável, mas que demonstra porque é que Braga continua a ser um dos destinos de compras preferidos dos portugueses e dos investidores no setor.
A trajetória de diminuição nas taxas de juro, conjugada com a estabilização da inflação abaixo dos 2% e a valorização salarial ocorrida no país, promoveram uma melhoria do poder de compra dos portugueses (e dos bracarenses) e um aumento dos níveis de confiança dos consumidores, o que contribuiu decisivamente para um desempenho em crescendo, ao longo do ano, das compras realizadas, em Braga, no setor do comércio e serviços ao consumidor. De facto, os valores de crescimento por trimestre foram registando melhorias face aos períodos homólogos a cada trimestre que passou. No primeiro trimestre, o crescimento foi de 1,3%; no segundo trimestre, situou-se nos 3,5%; e nos últimos dois trimestres, o crescimento alcançou os 7,8% e 10,1%, respetivamente.
Para este resultado, também contribuiu o aumento da procura turística, graças à crescente popularidade de Braga enquanto destino turístico a nível internacional. Assim, em 2024, os pagamentos realizados com cartões estrangeiros superaram os 104 milhões de euros (mais um valor recorde), tendo crescido cerca de 10% face ao ano anterior. Ainda assim, a dependência de clientes internacionais no comércio de Braga é ainda relativamente baixa, cifrando-se apenas nos 6,4%, apesar de se vir a registar um aumento do peso dos pagamentos estrangeiros há 5 anos consecutivos.
Verdadeiramente exemplar é a lealdade dos bracarenses com o seu comércio. Cerca de 75% de todas as compras realizadas pelos bracarenses são efetuados no concelho de Braga – uma das taxas mais elevadas do país -, o que comprova, por um lado, a excelência, a vitalidade e o dinamismo do comércio de Braga, e, por outro, o orgulho e a cumplicidade dos bracarenses com o seu comércio.
O turismo manteve uma trajetória ascendente, alavancado pela riqueza histórica e cultural do município e pelo dinamismo e qualidade da oferta gastronómica e hoteleira. A consolidação dos grandes eventos de Braga como uma alavanca da economia da região e a promoção a nível nacional e internacional de Braga enquanto destino turístico contribuíram para aumentar a visibilidade e a atratividade do destino.
De acordo com as projeções da AEB, o concelho de Braga deverá aproximar-se ou até ultrapassar, pela primeira vez, a barreira das 680 mil dormidas, terminando assim o ano de 2024 com um crescimento na ordem dos 6 a 7%. Contudo, ao nível dos valores transacionados no setor do alojamento, tudo indica que os valores registados em 2024 sejam semelhantes aos do ano anterior, o que poderá significar que o RevPar (receita por quarto disponível) tenha baixado ligeiramente.
Para a restauração, as projeções da AEB indicam que deverão ser transacionados mais de 167 milhões de euros (mais um valor recorde), o que significará um crescimento de cerca de 5,3% face ao ano anterior. Neste setor foi notória uma desaceleração dos níveis de crescimento nos segundos e terceiros trimestres, mas que, entretanto, foi invertida no último trimestre com um novo impulso na procura e nos valores transacionados.
Merece especial atenção a tendência, ainda que ligeira, de diminuição no valor do ticket médio que se registou ao longo do último ano, fixando-se, em 2024, num valor a rondar os 18€, o que representa uma quebra de 7% face ao ano anterior. Contudo, esta diminuição tem sido mais do que compensada pelo aumento do número de transações realizadas – em 2024 foram realizadas mais de 9,2 milhões de transações no setor da restauração em Braga, o que corresponde a um crescimento de cerca de 14%.
Convém, no entanto, esclarecer que esta tendência de diminuição do ticket médio justifica-se mais pela utilização crescente dos pagamentos eletrónicos em compras de baixo valor em cafés e pastelarias (o que faz diminuir o valor do ticket médio e aumentar o número de transações), do que numa alteração substancial no comportamento dos consumidores de fazerem mais refeições fora, mas mais económicas.
Ao nível das exportações, a AEB espera um crescimento da ordem dos 5% face ao ano anterior, devendo ser ultrapassada pela primeira vez a barreira dos 2 mil milhões de euros de vendas ao exterior das empresas sedeadas em Braga (pois, mais um valor recorde).
A contínua aposta na inovação e na transformação digital foi determinante para manter a competitividade das empresas bracarenses, especialmente nos setores da engenharia, tecnologia e automóvel. O cluster tecnológico de Braga, um dos mais vibrantes do país, reforçou a sua posição como motor de crescimento, atraindo investimentos significativos e consolidando parcerias internacionais.
A transição energética e a sustentabilidade ganharam maior relevância em 2024, com várias empresas bracarenses a liderarem projetos inovadores nesta área. Além disso, Braga continuou a ser um berço para start-ups, promovendo iniciativas que facilitam o acesso a financiamento e mentoria para empreendedores.
O ano de 2025 será um marco na história de Braga com a concretização do projeto Braga 2025 – Capital da Cultura. Este título representa não apenas um reconhecimento da riqueza cultural e histórica da cidade, mas também uma oportunidade sem precedentes para impulsionar a economia local em várias dimensões.
Com o turismo internacional em recuperação acelerada e um contexto de consumo interno ligeiramente mais favorável do que em 2024, a realização de um vasto e ambicioso programa de eventos culturais, deverá atrair milhares de visitantes e turistas à cidade, reforçando setores como o turismo, a hotelaria, a restauração e o comércio local. Além disso, esta iniciativa será um catalisador para o fortalecimento de indústrias criativas, incentivando o investimento em arte, design e tecnologia cultural.
Para o tecido empresarial, a Braga 25 é uma oportunidade de se posicionar em novos mercados e demonstrar como a cultura pode ser um motor de inovação e crescimento económico. A sinergia entre empresas e eventos culturais pode gerar novas formas de colaboração que coloquem Braga no radar internacional como uma cidade criativa e vibrante.
Em síntese, Braga encerra 2024 com um balanço positivo e bem preparada para enfrentar os desafios de 2025 com confiança e determinação para continuar a elevar a fasquia dos resultados que alcança, para continuar a superar valores recordes de forma ambiciosa, mas sustentável, para continuar a crescer a um ritmo superior à média nacional, quer ao nível do consumo interno, quer ao nível das vendas internacionais, para continuar a afirmar-se como a cidade mais inovadora e pujante do ponto de vista económico do norte de Portugal.